No início de sua fabricação na França, em 1959, algumas peruas francesas de nome Marly desembarcaram no Brasil e caíram na estrada. Durante dois anos rodaram mais de 200000 quilômetros e sentiram na lata os efeitos dos nossos maus caminhos. O resultado dessas andanças foram os reforços estruturais, além de alterações mecânicas e estéticas, que resultariam na primeira station wagon brasileira.
Sua apresentação ao público ocorreu na terceira edição do Salão do Automóvel no final de 1962. Formando ao lado do sedã Chambord, do sofisticado Presidence e do esportivo Rallye, a Jangada completava o time com espaço e beleza. Era o segundo brasileiro do tipo de carro que materializava a prosperidade das famílias felizes que estrelavam seriados americanos.
Seis adultos viajavam com conforto e mais duas crianças podiam ser acomodadas nos bancos escamoteáveis, instalados no bagageiro. Além disso mais 150 quilos de bagagem. Carregada, eram quase 2 toneladas nas costas do V8 de 92 cavalos.Apenas levando o motorista e mais 200 quilos de carga, atingia a velocidade máxima de 140 km/h e fazia de 0 a 100 km/h em 21 segundos, usando todas as três marchas. O consumo urbano era de 5,8 km/l,e na estrada não chegou aos 8 km/l.
1963 foi o último ano da geração pioneira. Em 1964 sairia a linha Tufão, com motores mais potentes (100 ou 112 cavalos, este com dupla carburação) e recurso de avanço do distribuidor no painel para adequar o desempenho à altitude e octanagem do combustível. A perua também ganharia mais autonomia com o novo tanque de 85 litros.
A Jangada tinha como pontos altos a suspensão e os freios. No extremo oposto jogavam contra o arrefecimento deficiente, o sistema elétrico "sensível" e a vedação permissiva com poeira e água.Externamente, o teto elevado dava ares mais modernos ao carro, além de proporcionar maior área envidraçada.
Apesar dos reforços para encarar o território nacional, a perua dava show de contorcionismo nas situações mais acidentadas. No interior do país não era tão raro encontrar uma delas com as portas amarradas às estreitas colunas, para evitar aberturas involuntárias.
Das 2705 Jangada produzidas pela fábrica de São Bernardo do Campo, poucas resistiram. Hoje ela é um dos mais raros carros nacionais, e a maioria das sobreviventes encontra-se no Rio Grande do Sul ou no Paraná.
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